NOTÍCIAS
Pacto pela Primeira Infância: iniciativas fortalecem defesa dos direitos das crianças
04 DE AGOSTO DE 2023
A articulação pela defesa dos direitos das crianças está ampliando as áreas engajadas em garantir que questões que afetam meninos e meninas na primeira infância (de zero a seis anos de idade) sejam prioridade absoluta. A partir da mediação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pelo Pacto Nacional pela Primeira Infância, órgãos do Judiciário, do Executivo e do Legislativo estão trabalhando juntos para costurar uma política de cuidado efetivo e eficiente.
Lançado há quatro anos pelo CNJ, o Pacto Nacional pela Primeira Infância reforçou a necessidade de que as instituições públicas e privadas cumpram o que está previsto no Marco Legal da Primeira Infância (Lei n. 13.257/2016), no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Constituição Federal. Nesse sentido, os signatários do Pacto – que já soma mais de 300 instituições envolvidas – vêm debatendo maneiras de atender as necessidades da infância brasileira em várias áreas de atuação e em todos os níveis de governo.
“O Pacto veio mostrar que precisamos de união para favorecer o cuidado integral e reconhecer as crianças como sujeito de direito, de fato”, destacou o presidente do Fórum Nacional da Infância e Juventude (Foninj/CNJ) e conselheiro do CNJ Richard Pae Kim, um dos idealizadores da iniciativa.
A estratégia de articulação promovida pelo Pacto começou em âmbito federal, com a organização de cursos de capacitação, levantamento de dados e produção de um panorama da situação da infância e juventude do país. Agora, os signatários estão se reunindo na esfera estadual e na municipal, para tratar as demandas específicas de suas localidades.
Realidades locais
No Amapá, por exemplo, a Justiça estadual assinou um acordo de cooperação técnica e operacional para a defesa dos direitos, no aperfeiçoamento das políticas públicas e na busca por mais dignidade para as crianças na primeira infância. Além do TJAP, também assumiram o compromisso o governo estadual, a Assembleia Legislativa, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Tribunal de Contas do Estado e a Associação dos Municípios do Estado do Amapá. O Pacto Estadual de forma articulada surgiu para assegurar direitos como saúde, educação, alimentação adequada e outros.
A iniciativa atende às orientações da Resolução CNJ n. 470/2022, que instituiu a Política Judiciária Nacional para a Primeira Infância. De acordo com o presidente do TJAP, desembargador Adão Carvalho, a cooperação interinstitucional precisa gerar resultados positivos, por meio de ações eficazes, “porque as crianças estão crescendo e não esperam”.
Já em Goiás, o comitê local do Pacto Nacional pela Primeira Infância levou o modelo intersetorial para o município de Santo Antônio do Descoberto, com o apoio do CNJ. Atendendo ao Marco Legal da Primeira Infância, o município instalou o primeiro Comitê Municipal da Primeira Infância, que se insere no Pacto Nacional e reforça ações desenvolvidas pela Coordenação de Educação Infantil do Município, desde 2013.
Composto pela Justiça estadual, pelo Tribunal de Contas do estado e do município, pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Ordem dos Advogados, pelo governo do estado, pela prefeitura da capital e pela Arquidiocese de Goiânia, o Comitê tem desenvolvido ações para que todos os municípios goianos criem seus comitês. Está programada para setembro a promoção de um encontro com todos os prefeitos do estado para fortalecer essa iniciativa.
Em Santo Antônio do Descoberto, a prefeitura e a secretaria de educação se uniram com o objetivo de promover ações para implantação de políticas públicas específicas para primeira infância, integrando assistência social, direitos humanos, educação, saúde, cultura, habitação, segurança pública e todas demais as políticas que impactam o desenvolvimento das crianças do município.
Além disso, também foi reconhecido o direito das crianças e suas famílias de participarem da elaboração do plano municipal pela primeira infância, “o que contribuirá para o efetivo reconhecimento da criança como cidadão e resultará na prevenção de vários problemas sociais evitáveis, promovendo melhor qualidade de vida à comunidade do município”, como prevê o Decreto Municipal n. 4.767/2023, que criou o Comitê.
As ações fazem parte da série de eventos que estão sendo realizados até o final de setembro, em comemoração aos quatro anos do Pacto Nacional pela Primeira Infância.
Infâncias
Para o gestor do Pacto no CNJ, juiz auxiliar da presidência Edinaldo César Santos Junior, é preciso fortalecer as instâncias que articulam as políticas nacionais. “O Pacto viabiliza a atuação coordenada, colaborativa e potencializa a união de seus integrantes a partir da mudança de visão sobre a infância.”
A partir das ações realizadas na primeira fase do Pacto – como seminários regionais, diagnósticos e mapeamento de boas práticas –, agora, os signatários vão buscar o alinhamento entre as diversas áreas de atuação para abordar novos desafios no cuidado integral à criança. De acordo com o juiz Edinaldo, nessa nova fase, o Pacto vai contemplar a equidade étnico-racial, tendo em vista que meninas e meninos das comunidades negras, indígenas, quilombolas, de populações tradicionais enfrentam problemas mais profundos em razão da hipervulnerabilidade. “Precisamos olhar para a diversidade das primeiras infâncias brasileiras, identificando suas peculiaridades, vulnerabilidades e ausências, de forma a corrigir as falhas e garantir oportunidades para todas as pessoas, de forma igualitária”.
Inserida também no contexto da primeira infância, a Justiça Restaurativa foi debatida durante evento realizado entre 31 de julho e 2 de agosto, em Passo Fundo/RS. Com destaque para o enfrentamento e a prevenção da violência e seus desdobramentos, o objetivo do encontro é produzir subsídios para efetiva política de desenvolvimento humano, além de instituir o Comitê Municipal de Passo Fundo.
Para o gestor do Pacto Nacional, as atividades programadas para a celebração do Pacto dão continuidade aos esforços interinstitucionais e intersetoriais fomentados desde o início do compromisso. “Estamos consolidando e estruturando medidas geradas pela articulação, participação colaborativa e pelo diálogo. A proposta é fortalecer esse sistema para que todas as infâncias sejam contempladas, respeitadas e cuidadas.”
Texto: Lenir Camimura
Edição: Jônathas Seixas
Agência CNJ de Notícias
The post Pacto pela Primeira Infância: iniciativas fortalecem defesa dos direitos das crianças appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
CNJ ajusta normas para cotas raciais em concursos para magistratura e serventias
01 de setembro de 2023
O funcionamento das comissões de heteroidentificação e a definição de notas mínimas foram as questões...
Anoreg RS
Imóvel considerado bem de família pode ter vaga de garagem penhorada
01 de setembro de 2023
TRT da 2ª região reformou decisão para considerar apartamento como bem de família, mas, em razão da matrícula...
Anoreg RS
Artigo – As “holdings familiares” e o problema da invalidade – Parte II: desvio de finalidade ou utilização disfuncional da personalidade jurídica – Por Flávio Tartuce e Maurício Bunazar
01 de setembro de 2023
O segundo problema jurídico está associado à presença de simulação, vício social do negócio jurídico que,...
Anoreg RS
Justiça reconhece união estável de trisal no RS e filho terá direito a registro multiparental
01 de setembro de 2023
Casal de bancários buscavam reconhecimento do relacionamento que tinham com uma mulher há cerca de 10 anos. Com...
Portal CNJ
Justiça Eleitoral vai apoiar eleição para Conselho Tutelar em todo o território nacional
01 de setembro de 2023
A Justiça Eleitoral vai apoiar o processo de escolha de membros do Conselho Tutelar em todo o território nacional,...